COMO FAZER DIAGNOSE VISUAL
O estado nutricional das plantas é avaliado por meio da diagnose foliar
(análise de tecidos vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de deficiência
ou excesso). O objetivo da avaliação nutricional das plantas é identificar os
nutrientes que estariam limitando o crescimento e produção das culturas.
Consiste basicamente, em se comparar uma planta, uma população de plantas ou
uma amostra dessa população com um padrão da cultura em questão. O padrão seria
uma planta “normal”, sem nenhuma limitação do ponto de vista nutricional e
capaz de altas produções.
Para um adequado monitoramento da fertilidade do solo e da nutrição vegetal, recomenda-se conciliar os métodos da análise de solo e da diagnose do estado nutricional das plantas.
Na maioria das vezes a folha é utilizada como amostra, pois é aquele que melhor reflete o estado nutricional da planta. Como nas folhas ocorrem os principais processos metabólicos do vegetal, as mesmas são os órgãos da planta mais sensíveis às variações nutricionais. Se houver falta ou excesso de um nutriente, isto se manifestará em sintomas visíveis, os quais são típicos para um determinado elemento.
Diagnose visual na Cultura da Cana-de-açúcar:
De acordo com a fisiologia vegetal e a mobilidade dos nutrientes dentro
da planta, deve-se observar se os sintomas ocorrem nas folhas velhas ou novas,
de forma que é possível elaborar chaves de diagnose visual.
Chave para
identificação de deficiencia e toxidez.
Descrição dos sintomas de deficiência:
Nitrogênio (N): A deficiência de nitrogênio causa efeitos generalizados sobre toda a planta, com definhamento das folhas mais velhas. As lâminas foliares ficam uniformemente verde-claras a amarelas e os colmos ficam mais curtos e finos. Há atraso no desenvolvimento vegetativo e as pontas e margens das folhas mais velhas tornam-se necróticas (secam) prematuramente.
Fósforo (P): Com a falta de fósforo, as folhas velhas apresentam-se com tons avermelhados nas pontas e margens das folhas expostas ao sol. Ocorre, ainda, uma diminuição no seu tamanho. Os colmos ficam menores e finos e há diminuição do perfilhamento da planta.
Potássio (K): Os sintomas da deficiência têm início nas folhas velhas, que apresentam-se amarelo-alaranjadas, sendo que podem se tornar totalmente marrons. Essa clorose evolui para necrose, deixando as folhas com aspecto de queimadas. Ocorre, também, afinamento dos colmos e a nervura principal apresenta manchas de coloração avermelhada. Um sintoma de deficiência de potássio que ocorre no final do ciclo é o ponteiro em forma de leque, conhecido como “topo de penca”.
Cálcio (Ca): Os sintomas de carência de cálcio ocorrem em folhas novas, que ficam esbranquiçadas e enrolam para baixo, formando um gancho (Figura 4). As folhas mais velhas podem ficar com aspecto enferrujado. Quando a deficiência fica mais aguda, nota-se um afinamento e amolecimento dos colmos.
Magnésio (Mg): Os sintomas aparecem nas folhas velhas na forma de pontuações, começando nas pontas e ao longo das margens. Surgem lesões necróticas vermelhas com aparência de ferrugem. A parte interna da casca do colmo apresenta coloração amarronzada.
Boro (B): A
deficiência de boro causa uma deformação nas folhas novas, que se apresentam
retorcidas chegando a formar “nó” entre as folhas. Surgem lesões translúcidas
(sacos de água) entre as nervuras e plantas novas com muitos perfilhos. As
folhas tendem a ficar quebradiças e as folhas do cartucho podem ficar
cloróticas e, posteriormente, necróticas, semelhantes aos sintomas da doença
conhecida como Pokah boeng.
Enxofre (S): O sintoma de deficiência de enxofre é evidenciado nas folhas novas, que
apesentam clorose generalizada, diminuição do tamanho das folhas e colmos muito
finos.
Cobre (Cu): A
deficiência de cobre leva à ocorrência de clorose em folhas novas na forma de
“ilhas” ou manchas verde escuras. As touceiras não conseguem se sustentar
(touceira amassada) e os tecidos foliares perdem turgidez, fazendo com que as
folhas fiquem caídas (sintoma de topo caído).
Manganês (Mn): A falta de manganês faz com que as folhas novas apresentem clorose entre as nervuras, da ponta até o meio da folha, que evoluem para necroses. Com o vento, ocorre o desfiamento das folhas.
Zinco (Zn): Com
a deficiência de zinco, surgem estrias cloróticas verde-claras nas folhas,
formando uma faixa larga, sendo que a região bem próxima da nervura central e
das bordas permanece com uma faixa. As folhas ficam curtas, assimétricas e
largas na parte média. O perfilhamento é reduzido e os internódios, mais
curtos. Os colmos ficam mais finos e podem perder a turgidez (sintoma de colmos
moles).
Molibdênio (Mo): A deficiência de molibdênio causa pequenas estrias cloróticas
longitudinais, começando no terço apical da folha. As folhas mais velhas secam,
prematuramente, do meio para as pontas.
Ferro: A
falta de ferro pode causar clorose internerval nas folhas mais novas e,
conforme a deficiência se acentua, toda a planta vai ficando
clorótica-esbranquiçada.
Diagnose visual na
Cultura do Milho:
Nitrogênio: Amarelecimento
da ponta para a base em forma de "V'; secamento começando na ponta das
folhas mais velhas e progredindo ao longo da nervura principal; necrose em
seguida e dilaceramento; colmos finos.
Potássio: Clorose
nas pontas e margens das folhas mais velhas seguida por secamento, necrose
("queima) e dilaceração do tecido; colmos com internódios mais curtos;
folhas mais novas podem mostrar clorose internerval típica da falta de ferro.
Magnésio: As
folhas mais velhas amarelecem nas margens e depois entre as nervuras dando o
aspecto de estrias; pode vir depois necrose das regiões cloróticas; o sintoma
progride para as folhas mais novas.
Zinco: Faixas
brancas ou amareladas entre a nervura principal e as bordas, podendo seguir-se
necrose e ocorrer tons roxos; as folhas novas se desenrolando na região de
crescimento são esbranquiçadas ou de cor amarelo-pálida; internódios curtos.
Fósforo: Cor
verde-escura das folhas mais velhas seguindo-se tons roxos nas pontas e
margens; o colmo também pode ficar roxo.
Molibdênio: Pequenas
manchas brancas nas nervuras maiores, encurvamento do limbo ao longo da nervura
principal.
Enxofre: Folhas
novas e recém-formadas com coloração amarelo-pálida ou verde suave. Ao contrário
da deficiência de nitrogênio, os sintomas ocorrem nas folhas novas, indicando
que os tecidos mais velhos não podem contribuir para o suprimento de enxofre
para os tecidos novos, os quais são dependentes do nutriente absorvido pelas
raízes.
Cálcio: As
pontas das folhas mais novas em desenvolvimento gelatinizam e, quando secas,
grudam umas às outras; à medida que a planta cresce, as pontas podem estar
presas. Nas folhas superiores aparecem, sucessivamente, amarelecimento,
secamento, necrose e dilaceração das margens e clorose internerval (faixas
largas); morte da região de crescimento.
Boro: Faixas
alongadas aquosas ou transparentes que depois ficam brancas ou secas nas folhas
novas; o ponto de crescimento morre; baixa polinização; quando as espigas se desenvolvem
podem mostrar faixas marrons de cortiça na base dos grãos.
Cobre: Amarelecimento
das folhas novas logo que começam a se desenrolar, depois as pontas se encurvam
e mostram necrose, as folhas são amarelas e mostram faixas semelhantes às
provocadas pela carência de ferro; as margens são necrosadas; o colmo é macio e
se dobra.
Ferro: Clorose
internerval em toda a extensão da lâmina foliar, permanecendo verdes apenas as
nervuras (reticulado fino de nervuras).
Manganês: Clorose
internerval das folhas mais novas (reticulado grosso de nervuras) e depois de
todas elas quando a deficiência for moderada; em casos mais severos aparecem no
tecido faixas longas e brancas e o tecido do meio da área clorótica pode morrer
e desprender-se; colmos finos.
Diagnose visual na
Cultura do Algodão:
Nitrogênio: A
deficiência de nitrogênio resulta em clorose, ou seja, perda da intensidade da
cor verde em toda a planta, por causa da redução da clorofila.
Fosforo:
A deficiência de P reduz a fotossíntese, o acúmulo e a translocação dos
carboidratos para as maçãs do algodoeiro.
Potássio: O
algodoeiro é considerado pouco eficiente na absorção de potássio do solo quando
comparado a outras espécies. Dessa forma, a deficiência de K ocorre com maior
frequência e intensidade que na maioria das espécies agronômicas. Sua
deficiência tradicional, em pré-florescimento, é caracterizada pela clorose
internerval das folhas do baixeiro, seguida de necrose nas margens e queda.
Cálcio: A
deficiência de cálcio (Ca) não é comum em campo. Em geral, os efeitos da acidez
do solo e da pobreza dos demais nutrientes superam ou se expressam mais rápido
do que o de deficiência desse nutriente nas lavouras.
Magnésio: Os
sintomas de deficiência de magnésio se caracterizam pelo lento crescimento do
algodoeiro. Por ser um nutriente de alta mobilidade na planta, os sintomas
iniciais surgem nas folhas do baixeiro.
Enxofre: Com
a deficiência de enxofre, a fotossíntese é reduzida, afetando a produtividade e
a qualidade da fibra. As plantas deficientes em enxofre têm crescimento reduzido.
Boro: Em
virtude da baixa mobilidade do boro na planta, os primeiros sintomas ocorrem
nas partes jovens, nos tecidos de condução e nos órgãos de propagação. Os
sintomas de deficiência mais comuns no campo são: amarelecimento das folhas do
ponteiro; no período de florescimento/ frutificação aparecem anéis concêntricos
verdeescuros nos pecíolos (Figura 17) e nas hastes, com necrose interna da
medula.
Dificilmente os micronutrientes cloro,
molibdênio, ferro, cobre e zinco apresentam deficiências visuais em
campo.
Diagnose visual na
Citricultura:
N: Folhas velhas
amarelas; folhas ralas; poucos lançamentos.
P: Frutos com miolo
ôco Fósforo.
K: Folhas bronzeadas
e encurvadas; frutos pequenos; queda exagerada de frutos Potássio.
Mg: Folhas velhas com
V verde ao longo da nervura principal.
Boro: Morte de gemas;
folhas menores e deformadas.
Cobre: Folhas grandes
e flácidas; exsudação de goma nos ramos novos; frutos com manchas escuras.
Manganês: Folhas
novas com amarelecimento ou cor verde-pálida entre as nervuras.
Zinco: Internódios
mais curtos; folhas novas estreitas com cor amarelada entre as nervuras.
Diagnose visual na Cultura da Soja:
Macronutrientes primários: N, P, K
Nitrogênio (N): A
característica da deficiência do N é a redução uniforme de coloração verde das
folhas, alterando-se para verde pálido e amarelado (clorose), devido à elevada
mobilidade desse nutriente, os sintomas se iniciam pelas folhas mais velhas.
Fósforo (P):O P é
rapidamente translocado dentro das plantas e pode mover-se dos tecidos mais
velhos para os mais novos, em condições de reduzida disponibilidade no solo. Em
plantas adultas, a grande parte do P transloca-se para as sementes. Devido à
alta mobilidade do P na planta, seu sintoma de deficiência aparece,
inicialmente, nas folhas mais velhas, caracterizado pela coloração anormal em
verde-escuro azulado ou bronzeada. A cor púrpura deve-se ao decréscimo da
síntese de proteína quando P é deficiente. Outras anormalidades na planta podem
ser: caules finos, folhas pequenas, crescimento lateral limitado. Em linha onde
o adubo fosfatado não foi aplicado pela adubadora, as plantas ficaram com
altura e crescimento reduzidos.
Potássio (K): Inicialmente, com a deficiência do K, tem-se o amarelecimento no ápice das folhas adultas, sendo atingidas as bordas e toda a lâmina foliar, com necroses posteriores dos tecidos na mesma ordem de progressão dos sintomas. Na linha onde não foi realizada a adubação potássica pela adubadora, nota-se o amarelecimento das folhas e plantas menores do que as normais, com haste grossa. As plantas com deficiência de K têm flores remanescentes, menos vagens, o tamanho é pequeno e sem sementes, comparado com plantas normais. As vagens são manchadas o que afeta a qualidade de sementes. A deficiência de K também causa a abertura de vagens com germinação e deterioração de sementes em seu interior. Em solos arenosos, a aplicação insuficiente de K por vários anos pode causar sintomas de: haste verde, haste verde e retenção foliar, frutos partenocárpicos.
Potássio (K): Inicialmente, com a deficiência do K, tem-se o amarelecimento no ápice das folhas adultas, sendo atingidas as bordas e toda a lâmina foliar, com necroses posteriores dos tecidos na mesma ordem de progressão dos sintomas. Na linha onde não foi realizada a adubação potássica pela adubadora, nota-se o amarelecimento das folhas e plantas menores do que as normais, com haste grossa. As plantas com deficiência de K têm flores remanescentes, menos vagens, o tamanho é pequeno e sem sementes, comparado com plantas normais. As vagens são manchadas o que afeta a qualidade de sementes. A deficiência de K também causa a abertura de vagens com germinação e deterioração de sementes em seu interior. Em solos arenosos, a aplicação insuficiente de K por vários anos pode causar sintomas de: haste verde, haste verde e retenção foliar, frutos partenocárpicos.
Macronutrientes
Secundários: CA, Mg e S
Cálcio (Ca): Com a
carência de Ca, são afetados os pontos de crescimento, bem como os meristemas
apicais das hastes e das raízes, podendo ocorrer à morte da planta. As folhas
tornam-se enroladas e pode haver o colapso dos pecíolos. O sistema radicular
apresenta-se com coloração marrom e pequeno desenvolvimento.
Magnésio (Mg): Sua
deficiência é visualizada nas folhas velhas, inicialmente em clorose marginal
e, posteriormente, internerval, seguindo-se o secamento das bordas.
Enxofre (S): Os
sintomas de deficiência de S são semelhantes àqueles do N diferindo-se deste
último por ser nas folhas mais novas, devido à sua menor mobilidade nos
tecidos. O sistema radicular e a nodulação são reduzidos. Excesso de S pode
causar toxidez. A aplicação de superfosfato triplo, no cerrado do primeiro ano,
em lugar de superfosfato simples (contém 13% de S) causa sintomas similares aos
de deficiência de N e as plantas não crescem. O excesso de S nas folhas causa
manchas de amarelecimento.
Os Micronutrientes
Que Tem Recebido Maior Atenção São Boro, Zinco, Manganês, Molibidênio E Ferro
Boro (B): Devido à baixa solubilidade dos
compostos de B na planta, o sintoma de deficiência é constatado nas gemas
apicais e em folhas novas. Pela figura, nota-se que as folhas são coriáceas,
rugosas e espessas.
Zinco (Zn): O sintoma
de deficiência de Zn é observado em folhas adultas com coloração amarelo-
castanho.
Cobre (Cu): Os sintomas de deficiência de Cu são:
clorose, morte apical e internódios curtos, clorose (cor violeta) nas bordas da
folha; desenvolvendo-se entre as nervuras, com início nas folhas novas.
Ferro (Fe): O sintoma
de deficiência de Fe é a clorose internerval, que pode ser confundida com o
sintoma provocado pela deficiência de N, em caso de ser inicial. Com a
progressão dos sintomas visuais, é possível distinguir da deficiência por N,
por ocorrer em folhas mais novas. Devido
à sua mobilidade em estado mais avançado, a cor verde desaparece completamente
inclusive nas nervuras principais. A soja FTA é usada como planta indicadora de
deficiência de Fe.
Manganês (Mn):
Plantas deficientes em Mn têm inicialmente clorose nas folhas, sendo esse mais
grosseiro do que o de Fe; a toxicidade se caracteriza pela encarquilhamento das
folhas e presença de pintas necróticas.
Molibdênio (Mo): Os
sintomas de deficiência de Mo são semelhantes aos de N, pois esse
micronutriente é essencial à incorporação de N ao esqueleto orgânico dos
tecidos e em leguminosas, por ser integrante de enzima nitrogenase, no caso de
sua deficiência e também a absorção de N atmosférico.